Tenho andado despercebido pela angústia da floresta.
Na verdade,
sempre estive só com os pássaros.
Apalpo meu corpo
para ter a certeza de que sou real.
― Há tantos buracos por onde passei.
Nem mesmo o ladrilho
suporta as marcas cáusticas dos meus pés.
Se uma tempestade
me tirasse para dançar,
já me encontraria tomado pela poeira.
Ah, o cheiro amargo das cinzas...
Meu mundo se queimou
e não tive coragem de me distrair com o fogo.
Por um segundo,
eu quis que o tumulto lá fora
fosse a fogueira que me reduziria ao pó.
Converso longas horas com os demônios
na esperança
de que me tomem a alma.
Eu me enterro na noite,
enquanto a treva se derrama ansiosa sobre as ruas
(quase ao alcance do punho)
Certamente sou a ilusão de um passado
que já não me quer...
Os dias
(lamparinas loucas ao curso do vento)
vão apagando a minha face decomposta.
Quando criança
brincava com as sombras na parede!
(meu amigo feito de fumaça negra)
Hoje ando alheio ao
silêncio reduzido dos bairros sujos.
A cidade por onde ando
é a morte entranhada em mim.
Agora o vento me roça de leve
e me toma,
como se eu fosse um porto velho
onde todos entram sem pedir licença.
Na verdade,
sempre estive só com os pássaros.
Apalpo meu corpo
para ter a certeza de que sou real.
― Há tantos buracos por onde passei.
Nem mesmo o ladrilho
suporta as marcas cáusticas dos meus pés.
Se uma tempestade
me tirasse para dançar,
já me encontraria tomado pela poeira.
Ah, o cheiro amargo das cinzas...
Meu mundo se queimou
e não tive coragem de me distrair com o fogo.
Por um segundo,
eu quis que o tumulto lá fora
fosse a fogueira que me reduziria ao pó.
Converso longas horas com os demônios
na esperança
de que me tomem a alma.
Eu me enterro na noite,
enquanto a treva se derrama ansiosa sobre as ruas
(quase ao alcance do punho)
Certamente sou a ilusão de um passado
que já não me quer...
Os dias
(lamparinas loucas ao curso do vento)
vão apagando a minha face decomposta.
Quando criança
brincava com as sombras na parede!
(meu amigo feito de fumaça negra)
Hoje ando alheio ao
silêncio reduzido dos bairros sujos.
A cidade por onde ando
é a morte entranhada em mim.
Agora o vento me roça de leve
e me toma,
como se eu fosse um porto velho
onde todos entram sem pedir licença.
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OBS.: poema escrito durante o longo período de chuva aqui em Natal.
4 comentários:
Consegui te encontrar, até que não foi dificíl...gostei do poema, principalmente dos versinhos finais!Tô vendo que você é bom na arte de tecer versos!
Prof!! Você não deve ter muito tempo de escrever, né? Mas, poste mais coisas ai, gostei do poema. Achei seu blog (não esse, o de literatura portuguesa) por indicação do professor Favero.
Mas acabei olhando este também rsrs
:)
Hehehehehe
Acabei de linkar seus dois blogs no meu, cá pra nós, o poema reflete muito a sua pessoa, gostei, embora a idéia de demônio não agrade muito meus ideias cristãos...
Té mais!
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