terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Janelas

I

E há tão pouco por trás da outra margem:
o trajeto da fuga
e a medida do salto.

Já não se bebe a água dos cactos
quando o horizonte se fecha.
Mas a fila
dos (últimos) mortos
permanece intacta em nossos olhos.

Que a luz tenha mesmo rasgado a madeira anciã!
Pois somente aqueles que
viram as árvores sanadas
conhecem a angústia da cicatriz.


II

Os objetos escuros se derramam sobre o chão.
Quanto menos os vejo,
mais sinto o peso de sua luminosidade.

Qualquer ser vivo
que, acaso, passe lá fora
se comporá por uma massa negra.
Mesmo que reste apenas
a transparência da forma
para um dia de lua ausente.

Não. Não olhe para o longe!
Não há horizonte capaz de satisfazer nosso canto de distância.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo, Dé. Tanto a foto como o poema. Um bom texto para começar o ano. Beijos!!!

Anônimo disse...

Maravilhoso o poema!!! Gostoso de ler...muito bom mesmo...

Lembra um pouco o modo Zila de escrever!

bjussssss