quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Verdes mares bravios de minha terra natal...

Antes da viagem, não sabia ao certo qual impressão teria de Fortaleza; nunca gostei muito da cidade, já que ela me parece um tanto desorganizada. Mas devo dizer que me surpreendi com qualquer coisa abstrata, pois – embora a metrópole permanecesse a mesma – havia um matiz encantador disseminado pelas suas ruas. Não estou certo de nada, mas quero acreditar que a administração do PT contribuiu demasiadamente para a nova configuração urbana.


Na verdade, talvez nada esteja mudado na capital cearense; talvez as mudanças estejam antes em mim – agora um sujeito mais tolerante ao desgaste visual das ruas. De uma forma ou de outra, fez-me bem voltar ao Ceará depois de quase um ano de ausência. Fortaleza pareceu-me quente e sensual na sua doação dolorosa aos passantes; difícil resistir às curvas sinuosas de seus bairros e à ondulação verde de suas águas. Um paraíso em forma de caos.

Freqüentei os lugares de costumes; aqueles para onde converge a massa intelectual da cidade. O Dragão do mar continua sendo um ambiente adorável: artes plásticas, literatura, bares, história e cultura constituem a sua oferta mais cara. O simples ato de caminhar por entre as pontes do complexo já é o suficiente para deixar o turista encantado, já que sua arquitetura é muito bem trabalhada (uma espécie de tensão amistosa entre a tradição e a modernidade). O teto de acrílico que abriga o Planetário, por exemplo, mais parece uma bola de cristal emergente do magma terrestre; por outro lado, a preservação da arquitetura antiga atribui charme ao ambiente.


Apesar de o espaço ser bem freqüentado, é possível sentir um leve isolamento no complexo cultural; talvez seja um excelente lugar para quem precisa ficar sozinho, mas não suporta a dor da ausência. Tenho a impressão que todas as pessoas que cruzaram o meu caminho estavam absortas em um mundo desconhecido e próprio. O Dragão do mar é exatamente isso: uma forma de se estar só sem necessariamente estar distante do homem – solidão compartilhada.

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